MERECÍAMOS, MERECÍAMOS, MERECÍAMOS
Concluiu-se mais um projeto do AJO 2024,
no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, como não podia deixar de
ser este ano. A nossa prestação foi exemplar. A qualidade de trabalho
apresentado, do que se denomina por arte urbana, foi uma escultura que
representa uma prisão a ser quebrada por uma estátua de um soldado de Abril. Teve
uma defesa brilhante, sólida e em particular nas características que envolviam
o projecto e nas mais-valias materiais e de mensagem. O QR Code remetia-nos
para um documentário notável dos principais momentos do 25 de Abril, desde as
canções senha, até ao desenvolvimento da Revolução, sistematizada pelos 3D da
Revolução: Democratizar, Desenvolver, Descolonizar; valorizadas por entrevistas
de quem viveu a Revolução (antes, durante e depois). Com o seu testemunho, aspetos
e vivências dos acontecimentos, proporcionou-se uma perspetiva da importância
do 25 de Abril, como bem demonstra a entrevista ao Presidente da AJO,
engenheiro João Moura. Ao longo da sessão, as alunas foram ao nível da análise
e críticas insuperáveis. No trabalho de pesquisa apresentado no documentário,
revelaram um rigor histórico e uma abrangência pelos aspetos focados que nenhum
projeto alcançou ou sequer se aproximou. A envolvência de todas as alunas (5) de
forma coordenada e rigorosa revelou ao nível da apresentação e capacidade de
trabalho inigualável, pelo que não nos contentamos com o injusto 2.º lugar. Sabemos
que é deixado ao critério dos alunos de outras escolas o direito de se
manifestarem, de votarem, mas por tacitismo, ou por déficit de conhecimentos do
que está em análise, não valorizam um projeto que claramente merecia ser
vencedor: o nosso, 4.º Conde de Ourém. As nossas alunas (parabéns às meninas)
foram inexcedíveis na disponibilidade, na capacidade de trabalho, preparação e
apresentação do projeto. A avaliação dos projetos correspondia a 5 itens que
ninguém nos superou, a sessão está gravada. As nossas alunas estiveram imaculadas no tratamento de todos os critérios.
Na análise e espírito crítico (trabalho de casa), questionaram todos os projetos
e fizeram comentários críticos em relação a três deles, o que levou o
presidente da mesa a tecer elogios a terem feito o trabalho de casa, como o
trabalho de pesquisa, outro critério, evidenciado no documentário. Foram
originais, outro critério, levando todos os colegas a manifestarem-se pela
apreciação de dois tipos de esculturas, que para elas faziam sentido. A
exequibilidade do projeto foi a toda a prova, já que teve a retaguarda de um
profissional do sector (escultor e professor de arte) que garantiu as
mais-valias e os aspetos económicos salvaguardados. A apresentação foi segura,
coordenada, recorrendo aos meios informáticos que valorizaram o trabalho.
Perdemos por um voto, para uma estátua com uma rapariga de cabelos ao vento,
com um livro nas mãos, a ler um poema. As outras escolas apresentaram: festival
de talentos, festival de sopas, fogo-de-artifício, distribuição de cravos
sintéticos por via aérea ou festivais de música com cantores locais. Não é mau
perder, é o sentido de injustiça, o impacto da frustração junto dos alunos. O
trabalho sério e árduo de muitas horas não compensa, foi relegado para outro
lugar que não a vitória, bem visível, na fotografia subjetiva, porque
emocional, no final da sua prestação, uma euforia, sorrisos de que já ganhamos,
correu bem, estivemos bem, não houve falhas, o trabalho compensa. Os
adversários uma ovação contida, desanimada de quem obviamente pensa "já
perdemos", não temos hipótese contra uma apresentação e qualidade de um
projeto desta natureza.
Dois últimos reparos: a necessidade de
rever a avaliação, para evitar aquilo que tem sido no dizer da organização, o
seu grande “calcanhar de Aquiles”; não deixar a avaliação sujeita a tacitismos,
que levou a ganhar o projeto, no ano passado, no dizer de todos o mais frágil,
ou ainda cumulativamente, déficit de maturidade e de conhecimentos para avaliar,
como acontece com alunos do 7.º ano. Ou ainda deixarmos nas mãos de alunos que
têm natural desejo de vencer, votar num projeto mais forte, mas que os impede
de ganhar. Daí a necessidade de avançarmos para formas de avaliação mais justas
e isentas, que podem partir dos 5 critérios já a funcionar, mas que sejam
verificados por personalidades com capacidade e idoneidade reconhecidas.
Por último, um Bravo merecido às nossas participantes:
Érica Rodrigues, Adriana Reis, Eva Assunção, Maria Manso, Maria Pereira e Mécia
Pereira; porque foram brilhantes.
Telma Gonçalves e
Telmo Mendes