quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Alunos do 7º ano têm uma aula de História muito especial - "O Andakatu vai à escola"

 

No dia 24 de novembro, na biblioteca escolar, os alunos do 7.º ano da Escola Básica Conde Ourém tiveram o prazer de participar no workshop "O Andakatu vai à Escola", dinamizado pelo arqueólogo Pedro Cura, do Museu Arqueológico de Mação, que recria de forma singular a vida na pré-história.
Começou por falar da nossa relação muito próxima com os macacos: apesar de sermos da mesma família, vamos ter uma evolução muito diferente. Foi na África Austral, há cerca de 3,5 milhões de anos, que uma espécie baixinha, com uma caixa craniana muito pequena, uns maxilares muito salientes e robustos, com a bipedia adquirida e com o polegar oponível, que agarraram em matérias-primas, umas simples pedras, e transformaram-nas em ferramentas, para benefício da vida humana. Tratavam-se dos australopithecus que, a partir deste momento, iniciaram a evolução que perdura até à atualidade.
A fase seguinte pertenceu ao homo habilis - o homem habilidoso -, que fabrica os primeiros instrumentos. Sabe escolher as rochas que pode trabalhar - o sílex e obsidiana- e dar as pancadas precisas para obter lascas, utilizadas como pequenas facas. Do seixo talhado evoluiu-se para o biface, "o faz-tudo", pois tanto permite cortar, como escavar, raspar, furar, esmagar.
Seguiu-se o homo eretus - o viajante -, pois foi o primeiro a sair de África e a chegar à Europa e Ásia. Aprende a manipular o fogo e a utilizá-lo para seu benefício: iluminar, aquecer, cozinhar e transformar matérias primas, como resinas e gordura animal em cola. Neste momento, o silêncio imperou, pois o arqueólogo produziu mesmo fogo, com paus e corda, para se obter a brasa, depois enrolá-la nas fibras vegetais, soprar e surgir a chama. O fumo e o cheiro surgiram com alguma facilidade.
Finalmente, apresentou o homo sapiens, que somos nós - uma espécie muito bem-sucedida. Utiliza as ferramentas para se adaptar ao meio ambiente, uma vez que o corpo não tem essa capacidade. Como por exemplo, o homo sapiens, que se dedica ao fabrico do vestuário para resistir às temperaturas baixas. Foi também o tempo dos instrumentos de caça, do arco e flecha, dos propulsores, das lanças, dos arpões, das agulhas, lamparina... O arqueólogo salientou que neste tempo não havia lixo nem desperdício, tudo era aproveitado: carne, peles, ossos, tripas, cabelo...
Um momento particularmente interessante foi aprender que o homem não precisou só de alimento e vestuário para sobreviver, como também precisou da arte e de adornos para se enfeitar, como pulseiras e fios feitos de conchas e dentes.
Ouvimos um instrumento de sopro feito com um osso - flauta - com cerca de 33 mil anos: a música a despertar os sentimentos.
A viagem terminou com a pintura rupestre de um cervídeo numa placa de ardósia. A paleta de cores é pobre - amarelo, vermelho, preto e branco - mas a resistência das tintas permitiu que chegassem aos dias de hoje.
Foi delicioso ver os alunos a pegarem nos instrumentos, nas peles, nos pincéis...
Tenho a certeza de que os alunos e professores presentes ficaram mais ricos no saber histórico.
 
                                                                                                   A professora Telma Gonçalves