No dia 24 de novembro, na biblioteca escolar, os alunos do 7.º ano da Escola Básica Conde Ourém tiveram o prazer de participar no workshop "O Andakatu vai à Escola", dinamizado pelo arqueólogo Pedro Cura, do Museu Arqueológico de Mação, que recria de forma singular a vida na pré-história.
Começou por falar da nossa relação muito próxima com os macacos:
apesar de sermos da mesma família, vamos ter uma evolução muito diferente. Foi
na África Austral, há cerca de 3,5 milhões de anos, que uma espécie baixinha,
com uma caixa craniana muito pequena, uns maxilares muito salientes e robustos,
com a bipedia adquirida e com o polegar oponível, que agarraram em
matérias-primas, umas simples pedras, e transformaram-nas em ferramentas, para
benefício da vida humana. Tratavam-se dos australopithecus que, a partir deste
momento, iniciaram a evolução que perdura até à atualidade.
A fase seguinte pertenceu ao homo habilis - o homem habilidoso -,
que fabrica os primeiros instrumentos. Sabe escolher as rochas que pode
trabalhar - o sílex e obsidiana- e dar as pancadas precisas para obter lascas,
utilizadas como pequenas facas. Do seixo talhado evoluiu-se para o biface,
"o faz-tudo", pois tanto permite cortar, como escavar, raspar, furar,
esmagar.
Seguiu-se o homo eretus - o viajante -, pois foi o primeiro a sair
de África e a chegar à Europa e Ásia. Aprende a manipular o fogo e a utilizá-lo
para seu benefício: iluminar, aquecer, cozinhar e transformar matérias primas,
como resinas e gordura animal em cola. Neste momento, o silêncio imperou, pois
o arqueólogo produziu mesmo fogo, com paus e corda, para se obter a brasa,
depois enrolá-la nas fibras vegetais, soprar e surgir a chama. O fumo e o
cheiro surgiram com alguma facilidade.
Finalmente, apresentou o homo sapiens, que somos nós - uma espécie
muito bem-sucedida. Utiliza as ferramentas para se adaptar ao meio ambiente, uma
vez que o corpo não tem essa capacidade. Como por exemplo, o homo sapiens, que
se dedica ao fabrico do vestuário para resistir às temperaturas baixas. Foi
também o tempo dos instrumentos de caça, do arco e flecha, dos propulsores, das
lanças, dos arpões, das agulhas, lamparina... O arqueólogo salientou que neste
tempo não havia lixo nem desperdício, tudo era aproveitado: carne, peles,
ossos, tripas, cabelo...
Um momento particularmente interessante foi aprender que o homem
não precisou só de alimento e vestuário para sobreviver, como também precisou da
arte e de adornos para se enfeitar, como pulseiras e fios feitos de conchas e
dentes.
Ouvimos um instrumento de sopro feito com um osso - flauta - com
cerca de 33 mil anos: a música a despertar os sentimentos.
A viagem terminou com a pintura rupestre de um cervídeo numa placa
de ardósia. A paleta de cores é pobre - amarelo, vermelho, preto e branco - mas
a resistência das tintas permitiu que chegassem aos dias de hoje.
Foi delicioso ver os alunos a pegarem nos instrumentos, nas peles,
nos pincéis...
Tenho a certeza de que os alunos e professores presentes ficaram
mais ricos no saber histórico.
A
professora Telma Gonçalves