terça-feira, 2 de abril de 2024

Assembleia Jovem de Ourém - AJO 2024

MERECÍAMOS, MERECÍAMOS, MERECÍAMOS


Concluiu-se mais um projeto do AJO 2024, no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, como não podia deixar de ser este ano. A nossa prestação foi exemplar. A qualidade de trabalho apresentado, do que se denomina por arte urbana, foi uma escultura que representa uma prisão a ser quebrada por uma estátua de um soldado de Abril. Teve uma defesa brilhante, sólida e em particular nas características que envolviam o projecto e nas mais-valias materiais e de mensagem. O QR Code remetia-nos para um documentário notável dos principais momentos do 25 de Abril, desde as canções senha, até ao desenvolvimento da Revolução, sistematizada pelos 3D da Revolução: Democratizar, Desenvolver, Descolonizar; valorizadas por entrevistas de quem viveu a Revolução (antes, durante e depois). Com o seu testemunho, aspetos e vivências dos acontecimentos, proporcionou-se uma perspetiva da importância do 25 de Abril, como bem demonstra a entrevista ao Presidente da AJO, engenheiro João Moura. Ao longo da sessão, as alunas foram ao nível da análise e críticas insuperáveis. No trabalho de pesquisa apresentado no documentário, revelaram um rigor histórico e uma abrangência pelos aspetos focados que nenhum projeto alcançou ou sequer se aproximou. A envolvência de todas as alunas (5) de forma coordenada e rigorosa revelou ao nível da apresentação e capacidade de trabalho inigualável, pelo que não nos contentamos com o injusto 2.º lugar. Sabemos que é deixado ao critério dos alunos de outras escolas o direito de se manifestarem, de votarem, mas por tacitismo, ou por déficit de conhecimentos do que está em análise, não valorizam um projeto que claramente merecia ser vencedor: o nosso, 4.º Conde de Ourém. As nossas alunas (parabéns às meninas) foram inexcedíveis na disponibilidade, na capacidade de trabalho, preparação e apresentação do projeto. A avaliação dos projetos correspondia a 5 itens que ninguém nos superou, a sessão está gravada. As nossas alunas estiveram imaculadas no tratamento de todos os critérios. Na análise e espírito crítico (trabalho de casa), questionaram todos os projetos e fizeram comentários críticos em relação a três deles, o que levou o presidente da mesa a tecer elogios a terem feito o trabalho de casa, como o trabalho de pesquisa, outro critério, evidenciado no documentário. Foram originais, outro critério, levando todos os colegas a manifestarem-se pela apreciação de dois tipos de esculturas, que para elas faziam sentido. A exequibilidade do projeto foi a toda a prova, já que teve a retaguarda de um profissional do sector (escultor e professor de arte) que garantiu as mais-valias e os aspetos económicos salvaguardados. A apresentação foi segura, coordenada, recorrendo aos meios informáticos que valorizaram o trabalho. Perdemos por um voto, para uma estátua com uma rapariga de cabelos ao vento, com um livro nas mãos, a ler um poema. As outras escolas apresentaram: festival de talentos, festival de sopas, fogo-de-artifício, distribuição de cravos sintéticos por via aérea ou festivais de música com cantores locais. Não é mau perder, é o sentido de injustiça, o impacto da frustração junto dos alunos. O trabalho sério e árduo de muitas horas não compensa, foi relegado para outro lugar que não a vitória, bem visível, na fotografia subjetiva, porque emocional, no final da sua prestação, uma euforia, sorrisos de que já ganhamos, correu bem, estivemos bem, não houve falhas, o trabalho compensa. Os adversários uma ovação contida, desanimada de quem obviamente pensa "já perdemos", não temos hipótese contra uma apresentação e qualidade de um projeto desta natureza.

Dois últimos reparos: a necessidade de rever a avaliação, para evitar aquilo que tem sido no dizer da organização, o seu grande “calcanhar de Aquiles”; não deixar a avaliação sujeita a tacitismos, que levou a ganhar o projeto, no ano passado, no dizer de todos o mais frágil, ou ainda cumulativamente, déficit de maturidade e de conhecimentos para avaliar, como acontece com alunos do 7.º ano. Ou ainda deixarmos nas mãos de alunos que têm natural desejo de vencer, votar num projeto mais forte, mas que os impede de ganhar. Daí a necessidade de avançarmos para formas de avaliação mais justas e isentas, que podem partir dos 5 critérios já a funcionar, mas que sejam verificados por personalidades com capacidade e idoneidade reconhecidas.

Por último, um Bravo merecido às nossas participantes: Érica Rodrigues, Adriana Reis, Eva Assunção, Maria Manso, Maria Pereira e Mécia Pereira; porque foram brilhantes.

Telma Gonçalves e Telmo Mendes