"Dois amigos abastados resolveram fazer, cada um, uma invulgar viagem de aventura. Cada um deles iria viajar num veículo todo-terreno, sem companhia, sem rádio, sem telemóveis nem GPS, carregados de combustível suplementar, alimentos, água e agasalhos e sem ajudas de ninguém, apenas com muito dinheiro de modo a não terem dificuldades..Um atravessaria o deserto do Sahara, o outro a Amazónia (...).
O primeiro teve muito azar, pois numa zona do deserto,
completamente desabitada (...), plena
de dunas altas e dinâmicas, apanhou uma violenta
tempestade de areia, que soterrou o veículo, de tal modo
que ficou impossível de se mover. Para conseguir comer
e beber teve muito trabalho em escavar com as mãos
a areia. Grande parte da água e alimentos deteriorou-se.
Nunca lhe apareceu auxílio, acabou por morrer, sem
comida, nem água, mas muito rico, pois tinha ainda
muito dinheiro disponível.
O outro, ao atravessar o rio
Mavaca, na Serra de Unturán (Amazónia venezuelana),
a corrente forte arrastou o veículo (nunca mais o viu),
tendo-se salvo a nado. Passados meses, foi encontrado
por índios, muito doente, tendo sobrevivido, sem
dinheiro, mas à custa dos produtos vegetais que colhia
na floresta (frutos, rizomas, flores e folhas) e dos animais
(aves, pequenos roedores e peixes) que conseguia
apanhar e da água dos rios e da cura através das plantas
medicinais com que os índios o trataram."
Excerto da coleção de postais de Natal do Professor Jorge Paiva, com fotografias e conhecimentos selecionados das expedições deste biólogo e incansável ativista na defesa da biodiversidade e do meio ambiente, reunida no livro Natal Verde - 30 anos de postais de Jorge Paiva 1990-2019 (organizado pelo CCV de Coimbra, numa parceria com a ordem dos Biólogos e edição da Imprensa da Universidade de Coimbra), oferecido pelo próprio à Biblioteca, aquando da sua visita à escola sede do Agrupamento, a 21 de novembro, para que também possa constituir uma ferramenta pedagógica, para aprender e ensinar.
prof. Ana Margarida Rodrigues